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sábado, 15 de fevereiro de 2014

Apontamentos: Raymond Williams

Conteúdo: Marxismo, Socialista, Fascista

Você é Marxista, não é? - Raymond Williams
           
Raymond Williams (1921-1988) no texto ‘Você é Marxista, não é?’ faz algumas reflexões sobre determinações e nomenclaturas vinculadas a teoria então conhecida como marxista, perpassa pelas influências do marxismo em organizações partidárias e formas de governo no mundo pós-guerras e finaliza com suas aproximações com os estudos culturais.
Para o autor há uma ‘aplicação estereotipada do termo marxista’ (WILLIAMS, p.123) e levanta a preocupação da forma que somos rotulados de marxistas ou não. O próprio Williams transcorre nessas ‘rotulações’, ora considerado marxista, ora não.
Outro ponto que é discutido é o fato de ‘reduzir o nome de toda uma tradição e de toda uma ênfase no interior dessa tradição ao nome de uma só pessoa’, não desconsidera a importância de Marx, mas aponta as implicações e as repercussões a partir de sua obra que geraram influências partidárias e organizações de governo e de economia muito longe do que o próprio Marx pensou e registrou em seus trabalhos.
Há alguns termos que durante muito tempo foi utilizado em certas situações como sinônimos, como Marxista, Comunista e Socialismo Revolucionário. A não aceitação de ser chamado por um desses termos já pareceria como uma afirmação da corrente contrária, seja política, filosófica ou econômica.
A rigidez do uso dessas nomenclaturas na minha opinião, até hoje em dia, parece exigir um posicionamento integral de uma corrente de pensamento, o que muitas vezes nega totalmente outra corrente diversa, o que é ruim em termos de diálogo, aproximações e discussões entre os pensadores de um modo geral.
Um termo que não conhecia e é citado no texto é o Fabianismo, fiquei curiosa e pesquisei, refere-se a uma organização político-social reformista inglesa, fundada em 1884, faz referência o nome ao chefe militar romano Fábio Máximo (século III)[1]. Tinha como finalidade institucional, a elevação da classe operária para torná-la apta a assumir o controle dos meios de produção[2].
O autor finaliza o texto afirmando que “as pessoas mudam, é verdade, através da luta e da ação”, e neste sentido ele chega a outra posição, diferente do capitalismo. Ao entender a Hegemonia Cultural, Raymond Williams percebe uma ruptura (e ele mesmo rompe) com o marxismo, partidos social-democratas, fabianismo, comunismo, stalinismo e outras derivações linguísticas.
Não conheço muito as características dos Estudos Culturais, acredito que nas próximas leituras isso seja sanado, mas a princípio não me parece uma negação do marxismo, e sim outro ponto de vista sobre as relações econômicas e sociais, partindo da cultura.
Para finalizar, me chamou atenção e me fez levantar outras reflexões no campo da educação o trecho: “Acredito que o sistema de significados e de valores que uma sociedade capitalista gerou deve ser derrotado de forma geral e no detalhe através de um trabalho intelectual e educacional intenso e contínuo” (p.133).



Referências:

WILLIAMS, Raymond. Você é marxista, não é? Tradução por Maria Elisa Cevasco. In: Revista Praga. São Paulo, Bointempo Editorial, n º 2, jun/1997.

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