Você
é Marxista, não é?
- Raymond Williams
Raymond Williams (1921-1988) no texto
‘Você é Marxista, não é?’ faz algumas reflexões sobre determinações e
nomenclaturas vinculadas a teoria então conhecida como marxista, perpassa pelas
influências do marxismo em organizações partidárias e formas de governo no
mundo pós-guerras e finaliza com suas aproximações com os estudos culturais.
Para o autor há uma ‘aplicação estereotipada do termo marxista’
(WILLIAMS, p.123) e levanta a preocupação da forma que somos rotulados de
marxistas ou não. O próprio Williams transcorre nessas ‘rotulações’, ora
considerado marxista, ora não.
Outro ponto que é discutido é o fato de
‘reduzir o nome de toda uma tradição e de
toda uma ênfase no interior dessa tradição ao nome de uma só pessoa’, não
desconsidera a importância de Marx, mas aponta as implicações e as repercussões
a partir de sua obra que geraram influências partidárias e organizações de
governo e de economia muito longe do que o próprio Marx pensou e registrou em
seus trabalhos.
Há alguns termos que durante muito tempo
foi utilizado em certas situações como sinônimos, como Marxista, Comunista e
Socialismo Revolucionário. A não aceitação de ser chamado por um desses termos
já pareceria como uma afirmação da corrente contrária, seja política,
filosófica ou econômica.
A rigidez do uso dessas nomenclaturas na
minha opinião, até hoje em dia, parece exigir um posicionamento integral de uma
corrente de pensamento, o que muitas vezes nega totalmente outra corrente
diversa, o que é ruim em termos de diálogo, aproximações e discussões entre os
pensadores de um modo geral.
Um termo que não conhecia e é citado no
texto é o Fabianismo, fiquei curiosa
e pesquisei, refere-se a uma organização político-social reformista inglesa,
fundada em 1884, faz referência o nome ao chefe militar romano Fábio Máximo
(século III)[1].
Tinha como finalidade institucional, a elevação da classe operária para torná-la
apta a assumir o controle dos meios de produção[2].
O autor finaliza o texto afirmando que “as pessoas mudam, é verdade, através da luta
e da ação”, e neste sentido ele chega a outra posição, diferente do
capitalismo. Ao entender a Hegemonia Cultural, Raymond Williams percebe uma
ruptura (e ele mesmo rompe) com o marxismo, partidos social-democratas,
fabianismo, comunismo, stalinismo e outras derivações linguísticas.
Não conheço muito as características dos
Estudos Culturais, acredito que nas próximas leituras isso seja sanado, mas a
princípio não me parece uma negação do marxismo, e sim outro ponto de vista
sobre as relações econômicas e sociais, partindo da cultura.
Para finalizar, me chamou atenção e me
fez levantar outras reflexões no campo da educação o trecho: “Acredito que o sistema de significados e de
valores que uma sociedade capitalista gerou deve ser derrotado de forma geral e
no detalhe através de um trabalho intelectual e educacional intenso e contínuo”
(p.133).
Referências:
WILLIAMS,
Raymond. Você é marxista, não é? Tradução por Maria Elisa Cevasco. In: Revista
Praga. São Paulo, Bointempo Editorial, n º 2, jun/1997.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Favor deixar um email se quiser retorno!
Ou se preferir mandar um email: betynhas@gmail.com