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domingo, 25 de agosto de 2013

Apontamentos: Infoproletários II

Conteúdo: Infoproletários
Série: Superior
Atividade: Apontamentos de Livro

Infoproletários: degradação real do trabalho virtual Ricardo Antunes e Ruy Braga (Orgs.)
Capítulo 10: Trajetórias profissionais e saberes escolares: o caso do telemarketing no Brasil - Isabel Georges

           
            Neste capítulo, Isabel Georges ensaia questionamentos e dados sobre a relação de saberes escolares e trajetórias profissionais, onde em alguns casos é ascendente, descendente ou estável.
            Achei muito interessante as indagações levantadas no texto sobre as motivações e razões de aprender das pessoas, a análise que se faz do desempenho escolar a partir do rendimento no mercado de trabalho e a inserção social dos mesmos. A maneira como a escolaridade discrimina os indivíduos, em termos sociais e profissionais, é algo que me chama atenção.
            A sociedade global do conhecimento é referencia para contextualização do texto. E com isso o termo saber é recorrente, e diante dos diferentes significados deste, algumas perguntas surgem: Quais são os tipos de saberes? Inicialmente comenta que ‘saber’ refere-se às vantagens competitivas, ‘saberes’ em termos referenciais para fazer distinções técnicas. Quais as relações entre ‘saberes escolares’ e ‘saberes profissionais’? O que é Know-how?
            A autora aprofunda a discussão na rotina de um call Center, uma das modalidades de organização do trabalho no setor de telemarketing. A mobilidade presente na obra também nos remete à termos discutidos em sala, como a ‘nova dinâmica de acumulação de capital’, marcada pela ‘flexibilidade’ e ‘captura da subjetividade do trabalhador’.
            Diante da constatação do aumento dos níveis de escolarização no Brasil, quais seriam as novas necessidades e demandas para esses saberes escolares, para formação de cidadão plenos, para qualificações de mão de obra, para a elevação do nível socioeconômico e diminuição das desigualdades?
A partir de dados a autora também comprova a distinção de classe social, gênero, nível acadêmico e contexto familiar, e traça diferentes perfis e tendências profissionais.
O valor da escola também é levantado (p.221) na constituição de um capital de saberes. Ao mesmo tempo que favorece o acesso ao emprego, algumas ocupações desvalorizam os saberes adquiridos.
Desta forma, reforço a importância do saber escolar, não só em rendimentos para o mercado de trabalho, mas como inserção e mobilidade social, em termo qualitativos para um país periférico como o Brasil. Afinal, “ainda é verdade que a promoção do ensino é um dos principais meios políticos preconizados para reduzir desigualdades” (p.215).




Referência:

ANTUNES, R. e BRAGA, R. Infoproletários: degradação real do trabalho virtual. São Paulo: Boitempo, 2009.

Apontamentos: Infoproletários

Conteúdo: Infoproletários
Série: Superior
Atividade: Apontamentos de Livro

Infoproletários: degradação real do trabalho virtual Ricardo Antunes e Ruy Braga (Orgs.)
Capítulo 1: O trabalho do conhecimento na sociedade da informação: a análise dos programadores de software - Juan José Castillo
Capítulo 2: A construção de um cibertariado? Trabalho virtual num mundo real - Ursula Huws

            Nesta obra organizada por Ricardo Antunes e Ruy Braga (2009) percebe-se pela leitura inicial, apresentação do livro e nos dois primeiros capítulos, uma reflexão sobre as condições de trabalho na ‘Sociedade da Informação’, na ‘Nova Economia’ após 1990, onde o advento das novas tecnologias  descaracteriza e segmenta o trabalho vivo. Tanto que a Divisão Internacional do Trabalho e a Divisão Social do Trabalho são centrais nas discussões que seguem nas primeiras partes da obra, respectivamente.
            A Divisão Internacional do Trabalho acompanha as relações comerciais e desiguais entre grupos distintos de países ao longo do processo histórico. Os países que colonizaram outras áreas do planeta (metrópoles), acumularam riqueza pela exploração dos recursos naturais e escravização dos nativos, e o que permitiu que se industrializassem primeiro, tornanram-se os países centrais (desenvolvidos) da ordem econômica atual. Os países que foram colônias de exploração, tiveram suas atividades econômicas sempre voltadas ao mercado externo, o que gerou sua dependência econômica, e os tornaram periféricos nas relações econômicas mundiais (subdesenvolvidos).
A Nova Divisão do Trabalho vem das mudanças ocorridas nos países periféricos, em especial um grupo de países em desenvolvimento, que se industrializaram, com interesse é claro e tecnologia dos países centrais, e destacam-se pelo grande mercado consumidor interno e pela numerosa mão de obra barata, como menciona Juan José Castilho baseado na obra de Salim Lakha: “Essa Nova Divisão Internacional do Trabalho se caracterizava por uma fragmentação dos processos manufatureiros que se dispersaram globalmente, perseguindo ou motivados pela necessidade de trabalho barato, desqualificado ou semiqualificado” (p.26).
A Divisão Social do Trabalho, segundo Ursula Huws, acontece uma especialização do trabalho de acordo com a classe social, etnias ou grupos social e por gênero. O que dificulta na ‘determinação da identidade de classe’ (p.58).
Neste sentido, novos rearranjos surgem e descaracterização das empresas e do trabalho, como terceirizações, e ‘integração vertical’. Nesses novos rearranjos trabalhistas, as inovações tecnológicas e novas formas produtivas capitalistas (pós-fordistas) coloca ‘fim na centralidade do trabalho’ e recoloca novos rearranjos espaciais. Contexto este, chamado de ‘Informacionalismo’ por Castells, caracterizado por empregos qualificados, autonomia e criatividade, e até sinônimo de ‘não trabalho’. Essa imaterialidade é importante diante da crise no capitalismo, marcada pela descaracterização do trabalhador, na perda do ‘valor trabalho’ e ‘capital humano’, ‘trabalho abstrato’(p.7-9).
Uma das formas de trabalho aprofundadas neste contexto é no setor de telemarketing, call Center, programadores de software. Contradições presentes nesses setores, como o nível tecnológico, flexibilidade toyotizada, técnicas gerenciais tayloristas de controle sobre o trabalhador, considerada a alienação contemporânea do trabalho (p.10).
O marxismo crítico é presente nesta obra, através de conceitos-chave de Karl Marx e sua análise sobre as contradições do capitalismo. A consideração do proletariado apenas aquele que produz diretamente a mais-valia, não é aplicável aos ‘trabalhadores virtuais’. Os ‘trabalhadores comerciais’ contribuem na produção de mais-valia na medida de seu trabalho é apropriado por seu empregador. O computador não seria considerado meio de produção pois seu uso depende de um sistema em rede.
No primeiro capítulo uma relação é feita entre qualidade, controle e padronização. À medida que certificações de qualidade (ISO, Spice e CMMI) são criadas e exigidas internacionalmente há uma uniformização dos procedimentos produtivos, assim como a tendência de homogeneização da globalização (cultural, econômica e política), e uma nova e forte forma de controle é estabelecida.
Diante disso, Castilho detalha a fundamentação utilizada na sua pesquisa sobre ‘fábricas de software’ e como que estas tornam o trabalho cada vez mais coletivo e disperso. A Nova Divisão Internacional do Trabalho confirma suas ideias e complementa fatos trazidos por outros autores como já discutidos na disciplina, baseado na externalização do trabalho qualificado e desqualificado, do trabalho imaterial, de tarefas que antes eram apenas realizadas nos países centrais. O salário é comparado e visivelmente diferente entre um trabalhador nos Estados Unidos e um outro na Índia. Assim como também há divergências na formação acadêmica, na atuação do governo, regiões potenciais. Dessa forma a qualidade exigida camufla procedimentos padrões que os países periféricos tem que atender, e que por consequência reforçam as desigualdades inerentes. A questão do controle na criação de software também é comprometido pois só podem serem verificadas quando tudo estiver instalado e funcionando.
No segundo capítulo há uma busca por termos adequados sobre os trabalhadores em sistemas virtuais de produção, e que por consequência reforça a discussão dessa classe, que não tem definição, objetivos comuns a serem lutados, discutidos e exigidos.
Desta forma, Ursula Huws trabalha com tipos específicos, como ‘trabalho de escritório’, ‘trabalhadores de informação’, e de que forma esses são diferentes em termos de gênero e classe social. Ao mesmo tempo que são operários e consumidores. A questão da mobilidade social também é presente, e a autora dá exemplos ocorridos pós-Segunda Guerra Mundial no Reino Unido com a política de bem estar social, e na possibilidade de mulheres casarem com homens de outro nível social como vias de ascensão social. O escritório e o papel da mulher no mundo do trabalho também são centrais nesta parte do texto, para isso compara o ‘secretário do lar’ com a governanta; a secretária do escritório e a sua desnecessidade no mundo da informação. Assim como questiona o trabalho doméstico sendo uma nova forma de exploração do trabalhador e de seus bens como meios de produção. Formas anárquicas é como considera a sabotagem, contaminação por vírus nessa nova realidade produtiva.
Uma bom exemplo ao longo do texto que se faz comprovando a Divisão Internacional do Trabalho é colocado: ‘os bons trabalhos que podem ser deslocados dos países centrais se mantêm e se estabelecem como bons trabalhos na periferia’ (p.25). Ao passo que atividades antes realizadas por trabalhadores não qualificados nos países centrais, passa a ser feito por trabalhadores graduados nos países periféricos.
            A efeito de prévias considerações percebe-se pelos autores a necessidade de se aproximar a comunidade do conhecimento, a identidade e sentimento de classe, fortalecimento da carreira profissional, e reflexões sobre as desigualdades nas relações econômicas mundiais. Considerando o fato de ter uma moradia, ou necessidades básicas, conforta e neutraliza os trabalhadores, e seus movimentos de greve.
            As tendências educacionais parecem sem perspectivas (p.50). E um questionamento me parece de forma paralela à essas indagações sobre a virtualização, segregação e espacialização no mundo do trabalho atual: que escola temos nos países centrais e periféricos? Que tipo de educação se faz necessária diante a divisão do trabalho colocada (social, espacial, internacional, tecnológica, econômica, classes, gênero, grupos sociais)? Quais as reais necessidades educacionais nos países em desenvolvimento, como no Brasil, para a superação dessa Divisão Internacional do Trabalho?

Referência:

ANTUNES, R. e BRAGA, R. Infoproletários: degradação real do trabalho virtual. São Paulo: Boitempo, 2009.

Apontamentos: Dermeval Saviani

Conteúdo: Trabalho, Educação
Série: Superior
Atividade: Apontamentos de Livro


Trabalho e educação: fundamentos ontológicos e históricos – Dermeval Saviani

            Neste artigo, Saviani (2007) discursa sobre a relação trabalho e educação. Nessa análise percebe-se que acontece uma certa separação dessas instâncias no decorrer do processo histórico mas, do mesmo modo, percebemos uma indissolubilidade desses termos. A contextualização perpassa por diferentes sociedades (comunal, escravista, feudal e a burguesa) e até a sociedade contemporânea capitalista que nos encontramos hoje em dia. No final da obra, a organização do sistema de ensino é refletida nos diferentes níveis na educação básica (‘educação unitária’) e a ideia do trabalho como principio educativo na atualidade finaliza as reflexões.
Segue algumas questões levantadas, seguidas de informações da obra e/ou de indagações pessoais:
§  Qual a relação entre trabalho, educação e o homem? Segundo Saviani o trabalho e a educação são atributos acidentais e fundamentais do homem.
§  O que é o trabalho? O que é o homem? O que diferencia o homem de outros seres da natureza e da própria natureza? Muitas das ideias trabalhadas da separação do homem pela suas atividades e domínios sobre a natureza, onde o homem pode transformá-la segundo suas necessidades, é um princípio também da geografia crítica. Saviani (p.154) mostra a questão da consciência humana, sua capacidade de produzir seus meios de vida e de adaptar a natureza as suas necessidades é o que diferencia como homem, e tudo isso é através do seu trabalho. Sendo assim, a essência do homem é o trabalho.
§  O que garante a existência humana? A educação. O homem forma-se homem, pela produção e pelo processo educativo. O trabalho define a essência humana (p.155).
§  Para classes sociais diferentes há formações educacionais diferentes, em termos de qualidade e finalidade? Saviani faz uma relação com as mudanças na organização da sociedade, inicia-se a divisão social do trabalho, surgindo assim classes sociais e diferentes tipos de educação. Surge assim, no escravismo antigo, a ‘educação dos homens livres’ e a ‘educação dos escravos e serviçais’.
§  O que é a escola? Qual a finalidade da educação? Na página 155, o autor menciona a etimologia da palavra, lugar do ócio, tempo livre. Se antes o Estado que desempenhava papel importante na organização do sistema de ensino, a Igreja Católica também já deixou marcas, e hoje em dia é o sistema produtivo que dita as necessidades educacionais. Confirma o peso exclusivo à escola na responsabilidade pela produção capitalista (p.157).
§  O trabalho precisa da escola? A escola precisa do trabalho? O peso entre esses termos também é questionado, pois antigamente para o exercício dos ofícios não precisava da instituição escola, os saberes eram passados no próprio local de trabalho, as corporações de ofícios, nas relações entre os mestres e os ajudantes. Hoje, principalmente com o advento de novas tecnologias há uma necessidade de uma formação escolar básica comum para o mundo do trabalho. A segunda pergunta levantada faz o caminho inverso, a medida que a educação só para o mundo acadêmico também não tem sentido na sociedade atual.
                 Desta forma algumas considerações são destacadas, o homem é um ser social e sua essência, formação e distinção da natureza deve-se pelo trabalho, da capacidade de produzir suas necessidades, e de dar continuidade a sua cultura, de ter acesso aos valores que humanizam o homem e o faz ser um cidadão de direitos e deveres, e conhecedor do mundo em que vive, graça também aos saberes escolares.


SAVIANI, Dermeval. Trabalho e educação: fundamentos ontológicos e históricos. Revista Brasileira de Educação, v.12, n.34, jan./abr. 2007.

Apontamentos: Leda Paulani

Conteúdo: Individualismo, Neoliberalismo e Pós-modernismo
Série: Superior
Atividade: Apontamentos de Livro


MODERNIDADE E DISCURSO ECONÔMICO – Leda Paulani
Capítulo 5 - Individualismo, Neoliberalismo e Pós-modernismo

Neste texto Leda Paulani (2005) discute as origens do Neoliberalismo, diferencia-o do Liberalismo Clássico, reforça como o ideário individualista pós-guerra contribui para esse sistema econômico. Aprofunda reflexões sobre o neoliberalismo e políticas de liberalização segundo Peters.
§  Qual a relação entre os termos: globalização, pós-modernismo e neoliberalismo?
§  O que é o mercado?
§  Qual a diferença de liberalismo e neoliberalismo?  O liberalismo nasce como doutrina social no fim do séc. XVII com Locke, com cunho filosófico e político e posteriormente econômico, com a defesa da propriedade privada, a ‘mão invisível’ de A. Smith. A questão da igualdade contrapondo com a liberdade tão importante para a condição humana, obediência civil e a felicidade da nação. O liberalismo fez, no entanto um distanciamento entre as classes sociais com a ascensão ao topo da classe com o poder político e econômico, e um distanciamento do Estado. O neoliberalismo é uma receita política econômica (abertura, estado mínimo, desregulamentação) que dá as condições materiais para que o capital se desenvolve e se mostre como realmente é.
§  Corelação: Utilitarismo à Liberalismo à Marginalismo à Desenvolvimentismo
§  Qual é o core do neoliberalismo? Segundo Peters: Informação imperfetita, liberdade individual e mercado.
§  Transição de modelos econômicos: Liberalismo à Keynesianismo à Neoliberalismo
§  Por que é tão necessária a derrubada do Keynesianismo para os neoliberais?
§  Relação: Capitalismo – Crise – Mercado – Estado. O liberalismo é abalado com a crise de 1929 (´perde o solo’) enquanto o neoliberalismo renasce pós crise de 1970 (‘ganha solo’).
§  A autora questiona: ‘O que seria a felicidade geral’?
§  De que forma o Totalitarismo apresenta como um dificultador para a ‘sociedade civilizada’ tão necessária para o Neoliberalismo? A liberdade individual é necessária para o Neoliberalismo?
§  O que são ‘estratégias de liberalização’?
§  Qual a relação da política de substituição de importações e desenvolvimentistas que se deu a industrialização de alguns países latino-americanos, como o Brasil, com o Neoliberalismo?
§  O que é escola de regulação? O que é o modo de regulação?
§  O que é o pós-modernismo? O que é o pós-modernismo radical, anárquico?

Referência:

PAULANI, Leda. Individualismo, Neoliberalismo e Pós-modernismo. In: Modernidade e Discurso econômico. São Paulo: Boitempo, 2005, p. 115-140.

Apontamentos: Giovanni Alves

Conteúdo: Toyotismo
Série: Superior
Atividade: Apontamentos de Livro


Trabalho e Subjetividade: o espírito do toyotismo na era do capitalismo manipulatório Giovanni Alves

Neste texto Giovanni Alves (2011) aprofunda as discussões sobre as novas formas de acumulação de capital, detalha as relações de trabalho e organização das empresas japonesas, e relaciona com as novas necessidades do capitalismo após a crise de superacumulação.
O texto inicialmente me chamou a atenção por utilizar muitos termos biológicos e orgânicos. Acredito ser referência de fontes utilizadas pelo autor, pois que me parece sua atuação é na área de sociologia. Outras vezes os termos são precedidos por ‘socio-’, não no sentido de humanidade, mas num sentido de interação e coletividade.
A seguir, algumas questões centrais do texto, e na sequência faço um pequeno comentário:
§  Qual o espírito do toyotismo? O engenheiro japonês Taiichi Ohno cria o modelo denominado por Harvey de ‘acumulação flexível’, e aqui nesta obra (ALVES, 2011) é chamada de Toyotismo. Um modelo produtivo adaptado às demandas de mercado, uma produção enxuta, sem desperdícios, com qualidade total e que valoriza (ou pelo menos utiliza, explora) todas as habilidades produtivas do trabalhador. E este último para o operário era importante, pois se no fordismo o trabalhador não se reconhecia na produção e no produto final, no toyotismo o trabalhador é valorizado em suas ideias e o seu trabalho está presente em diversas funções na produção.
§  O que é a “captura” da subjetividade do trabalho? O termo ‘captura’ vem da visão de mais obtenção da mais-valia, agora também com a redução de custos e pela utilização de toda a capacidade (habilidade) produtiva do trabalhador. Acho que neste sentido o autor reflete sobre o espírito do toyotismo, no sentido de ocupar a essência do trabalhador.
§  O que é quarta Idade da Máquina? Das Revoluções Industriais (RI): 1ªRI – Máquina vapor; 2ªRI – máquina elétrica, motor a combustão; 3ªRI – máquina tecnológica, energia nuclear; nesta última vem a Revolução das Informações onde o autor coloca como a quarta idade da Máquina.
§  O Toyotismo faz uma continuidade ou ruptura ao Fordismo-Taylorismo? O autor argumenta das duas formas até citando outras fontes. Ao meu ver seria uma continuação nas formas de produção, uma evolução diante das novas necessidades capitalistas e ao contexto histórico pós 1970.
§  O que é o Just-in-time e Kanban? O primeiro, resumidamente, refere-se a produção em tempo zero, com a análise de mercado, sem desperdícios e sem estoque; o segundo (significa ‘cartão’ em japonês) relaciona-se a circulação,  visibilidade, acesso e uso de informações e dados da produção.
§  Como acontece as funções cerebrais no fordismo e no toyotismo? Uma reflexão importante que o autor traz é a como o fordismo-taylorismo na sua divisão e racionalização do trabalhador nas repetições de tarefas, permitiu que este não necessitasse utilizar tanto suas funções cerebrais, pensar. E contribuiu nas reflexões sobre suas funções e mais adiante torna-se um empecilho para o fordismo. Já no toyotismo, as ideias, capacidade de resolver problemas e a criatividade do trabalhador são cobradas.


Referência:
ALVES, Giovanni. O espírito do toyotismo. In: _____ Trabalho e Subjetividade: o espírito do toyotismo na era do capitalismo manipulatório. São Paulo: Boitempo Editorial, 2011. P.43-68

ALVES, Giovanni. A quarta Idade da Máquina. In: _____Trabalho e Subjetividade: o espírito do toyotismo na era do capitalismo manipulatório. São Paulo: Boitempo Editorial, 2011. P.69-88.

Apontamentos: François Chesnais

Conteúdo: Mundialização do Capital
Série: Superior
Atividade: Apontamentos de Livro


A Mundialização do Capital François Chesnais
Capítulo 1: Decifrar palavras carregadas de ideologia

O Autor (Chesnais, 1996) trabalha termos importantes e aparecem recentemente no cenário mundial, todos atrelados e banalizados com outra palavra Globalização.
Uma observação que faço a partir dessa primeira leitura deste texto é a questão da ‘polarização’. O mundo que Chesnais menciona a 50 anos atrás é um mundo bipolar (EUA x URSS), após 1944, que tem suas rivalidades e diferenças ideológicas, comerciais e militares terminadas com alguns marcos simbólicos, a queda do muro de Berlin (1989) e o fim da URSS em 1991. Onde uma nova ordem mundial se coloca, num primeiro momento a expansão econômica e cultural estadunidense, e em outro ora chamado de mundo multipolar, pela divisão dos Países Centrais e Países Periféricos (Países Desenvolvidos e Países Subdesenvolvidos), ora chamado de multipolar pela organização dos países em Blocos Econômicos e suas áreas de abrangência.
Outras reflexões e indagações a partir do texto:
Qual é a ‘tríade’ que tanto o autor relaciona termos e momentos? O autor menciona ‘pólos tríades’, ‘escala tríade’ e ‘mundo tríade’.
Qual a diferença de globalização e mundialização?  Além de um norte-americano e administrativo o outro francês e econômico, acho que possuem ideais diferentes. O termo globalização trouxe uma ideia de processo benéfico e necessário. Talvez por que tudo hoje se atrele ou se justifique pela globalização, deste jeito, este termo já se tornou vago, ambíguo, mas com certeza não neutro.
Qual a diferença entre Investimentos Internacionais e Comércio Exterior?
Qual a relação entre a mundialização do capital e a adaptação dos Estados, das Economias? Num primeiro momento fala-se de uma ‘irreversibilidade’, para reafirmar essa necessidade de adaptação. O autor menciona a capacidade dos países em desenvolvimento em atrair investimentos. Também é colocado em concorrência as diferenças no preço na força de trabalho entre países (Mais valia relativa?). Terceirização.
            Qual a relação entre liberalização e desregulamentação? Nesta mundialização do capital é marcado pelas perdas de forças do Estado, políticas de privatização, formações de oligopólios, transformações produtivas, inovações tecnológicas (comunicação).
            Qual a relação do toyotismo e as multinacionais? A flexibilização na acumulação do capital, nos contratos de trabalho e na organização do trabalho ao meu ver vieram ao encontro das novas necessidades das empresas transnacionais.
            Vivemos num mundo ‘sem fronteiras’, ‘sem nacionalidade’?  O texto relata fatos transfronteiriços, do modo como a economia aproxima os países (de forma diferente), empresas investindo e localizando-se em outros países, o inglês sendo uma língua capitalista atual, acordos entre países.
  
Referência:

CHESNAIS, F. Decifrar palavras carregadas de ideologia. In: A Mundialização do Capital. São Paulo: Xamã, 1996, p. 21-43.

Apontamentos: Giovanni Alves

Conteúdo: Globalização
Série: Superior
Atividade: Apontamentos de Livro


A GLOBALIZAÇÃO E O CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO Giovanni Alves
Capítulo: Globalização, Mito ou Verdade? Um debate sobre as origens da Globalização

O que é a Globalização? O autor nesta parte do livro (Costa, 2009) contrapõe pontos de vistas sobre a Globalização, um termo complexo que ganhou mais popularidade, ou mais uso, com a desagregação da URSS em 1991 (período chamado por outros de Guerra Fria, Velha Ordem ou Mundo Bipolar). Edmilson Costa também relaciona à essa reflexão o papel do Estado, que algumas vezes é minimizado, outras fortalecido.
Globalização, Imperialismo e Mundialização, qual a relação entre esses termos? A atuação além das fronteiras nacionais. Imperialismo aqui não é territorial e sim econômico, político e cultural. Outros termos poderíamos acrescentar a essa questão: oligopólios, transnacionais, multinacionais, neoliberalismo, neocolonialismo (África e Ásia), relação entre os países no processo histórico (DIT, Divisão Internacional do Trabalho), blocos econômicos.
Qual é o papel do Estado atualmente? Percebe-se que há uma diferença na atuação dos Estados entre os países centrais (regulação macroeconômica) e os países periféricos.
Na Globalização neoliberal qual o papel do mercado? O Mercado é regulador da vida social, sendo uma entidade mítica (‘a mão invisível’); neste contexto também baseia-se na iniciativa privada como operadora do sistema, e na política de Estado mínimo e desregulado. No entanto, querem um Estado forte para leis e garantir os contratos.
A Globalização é um Mito? Alguns pensadores citados no texto minimizam ou banalizam a Globalização, e reforçando a ideia de fenômeno ‘irreversível’, ou até que esse fenômeno não existiria, mas o autor é contrário a essa concepção.
Qual a origem da Globalização? Para alguns a Globalização surge nas primeiras trocas comerciais, nas Grandes Navegações, para outros a partir do advento das novas tecnologias, ou com o capitalismo financeiro (intensificação dos fluxos). Da sua origem seguiria acompanhando as mudanças produtivas e tecnológicas, como as etapas do capitalismo ou das revoluções industriais (ex: Colonialismo, conquista da América; Neocolonialismo, Revolução Industrial; Nova Ordem, fim da URSS). Cita o autor que as ‘companhias monopolistas’ viraram as atuais ‘empresas transnacionais’.
Globalização e Capitalismo: processos afinados e contraditórios? Ao mesmo tempo que a Globalização enriqueceu o mundo cultural e científico, levou riqueza a muitos povos, convive com pobreza e desigualdades (até a homogeneização cultural estadunidense poderíamos citar, ou ‘hegemonização’ do pensamento como citado pelo autor). Elementos intrínsecos à Globalização e ao Capitalismo: crise, limite estrutural oriundo da lógica do capital.
            Concluo com uma reafirmação do autor: “a globalização é a forma que o grande capital encontrou para ampliar o seu domínio pelo mundo, apropriar-se do patrimônio público, reduzir a regulação do Estado a seu favor e cercear a atividade do movimento operário” (Costa, 2009, pág.54). E neste processo ampliam-se as desigualdades entre os países (‘centros hegemônicos’ x ‘periferias espoliadas’). Temos que aceitá-lo para criar estratégias sociais e políticas para sobrevivermos (nós, Tercei Mundo) a este fenômeno.

Referência:

COSTA, Edmilson. Globalização: mito ou realidade? In: A globalização e o capitalismo contemporâneo. 2 ed. São Paulo: Expressão Popular, 2009, p. 41-67.

Apontamentos: David Harvey

Conteúdo: Transformações do Capitalismo no final do século XX
Série: Superior
Atividade: Apontamentos de Livro



CONDIÇÃO PÓS-MODERNA – David Harvey
Parte II - A Transformação político-econômica do capitalismo do final do século XX


Quais transformações capitalistas ocorriam no final do século XX, em termos econômicos, geopolíticos e sociais? Se a acumulação de capital é uma das finalidades do capitalismo, como esse modo econômico e social modificou-se durante este período de transformações do século XX? Mesmo com toda a dinâmica e surpresas capitalistas, este sistema tem como propensão o caos, crises? Estas são algumas minhas indagações para refletirmos a partir da leitura desta parte do livro Condição Pós-Moderna (Harvey, 1998).
O recorte temporal deste contexto é um período de incertezas, que ultrapassa antigos modelos produtivos e tende a novos modos de produção, trabalho e consumo. Inicialmente, do término da Segunda Guerra Mundial (1945), o mundo pós-guerras desencadeou profundas transformações político-econômicas do capitalismo. O equilíbrio de poder prevalecia entre o trabalho organizado, capital corporativo e o Estado. Os Estados Unidos nesse período encontram-se fortalecidos em termos produtivos e militares. A Europa Ocidental que vem se reerguendo, recebe ajuda com o Plano Marshall, assim como o Japão, ambos com auxílio e investimentos estadunidenses.
Enquanto no final do século XIX fusões marcavam um capital monopolista, o século XX firmava-se o capital corporativo.
Este período, em outras fontes, também é chamado de Capitalismo Industrial ou Segunda Revolução Industrial. A produção de carros, construção de navios, produtos petroquímicos, o aço, borracha tornavam-se propulsores do crescimento econômico.
Dentro das indústrias automobilísticas, Henry Ford racionaliza velhas tecnologias, de divisão do trabalho, tarefas repetitivas, trabalhador em posição fixa. As ideias administrativas de Taylor acrescentam ao modelo fordista, o método de separação de gerência, concepção, controle e execução. Desta forma, o trabalho é pensado por uns e executado por outros, estes últimos cada vez mais alienados, explorados, rotinizados e entediados. Tanto que movimentos sindicalistas se fortalecem em paralelo ao aumento da produção. Em 1914, Henry Ford para atrair os trabalhadores vem com a recompensa de cinco dólares por oito horas de trabalho (em vez de dez horas), marco considerado do início do fordismo. Algo que me chamou a atenção no texto, foi a percepção fordista para aumentar consumo: pois segundo Ford era necessário dar tempo e lazer para os trabalhadores, e estes tinham que saber gastar esta renda, daí investindo também em assistência social para um consumo prudente e racional.
Alguns entraves para o desenvolvimento do fordismo constava nesses períodos entre guerras, falta de habilidade na rotina do trabalhador e controle do processo produtivo. Nas fábricas de Ford havia um aproveitamento de mão de obra de imigrantes, enquanto os americanos hostilizavam essa forma de produção. A centralização do capital, economias de escala mediante a padronização do produto também refreavam a competição intercapitalista.
O Liberalismo econômico que vivia-se intensamente, marcado pelo livre comércio, oferta e procura, o mercado se auto-regulando, viu-se abalado principalmente com a Crise de 1929, quebra na bolsa de valores de Nova Iorque, seguiu com o período da Grande Depressão, e depois com outras crises como a Crise de 1973, do preço do petróleo.
O New Deal, política do novo acordo, de Roosevelt fez-se necessário para salvar o capitalismo. Assim a presença do Estado foi pensada e cobrada, com o Keynesianismo. O controle dos ciclos econômicos foi combinado com o aumento dos padrões de vida (pelo menos de poder aquisitivo) e pela política de bem estar social, controle de relações de salário.
As reações trabalhistas, movimentos de minorias, como mulheres, crianças e de desprivilegiados aumentavam. Uma cultura internacional se espalhava diante do massacre de culturas locais do Terceiro Mundo.
O modelo fordista rescindia-se e não dava mais conta das novas necessidades capitalistas no final do século XX. Por conseguinte não houve ruptura, e sim uma transição da ‘produção em massa’ e ‘consumo em massa’, do modernismo fordista (‘acumulação rígida’) para o pós-modernimo toyotista (chamado por Harvey de ‘acumulação flexível’), pelo efêmero, o diferente, a novidade, a moda e a mercadificação de suas formas culturais.
Algumas características da acumulação flexível: flexibilização dos processos de trabalho, necessidades específicas de cada empresa, mobilidade geográfica, pequena escala, tempo de giro (Just-in-time), ‘desregulamentação’, informações precisas do mercado, capital financeiro. Um modelo produtivo adaptado às novas demandas capitalistas e modelo econômico neoliberal.
Contudo, percebe-se no trabalho de Harvey uma análise minuciosa de fatos que marcaram o século XX, dados econômicos e movimentos sociais que refletiam mudanças nos processos produtivos. Diante destas instabilidades o capitalismo teve que se reafirmar e logo se mobilizar para continuar soberano. Destaco ainda a reafirmação de Harvey das ideias de Marx sobre a inconsistência e contradições capitalistas, que possui uma propensão a crises.
É interessante também a análise de Harvey da ‘compressão do espaço-tempo’ no mundo capitalista. Determinado a passar por momentos de superacumulação e outros de crises.
Neste sentido observamos elementos que culminaram nas transformações do final do século XX, complementados pelas mudanças produtivas de capital, da rigidez à flexibilidade capitalista.


Referência:
HARVEY, David. Condição pós-moderna: Uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. 7ª Ed. São Paulo: Edições Loyola, 1998. Parte II, p. 115-184.