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domingo, 25 de agosto de 2013

Apontamentos: David Harvey

Conteúdo: Transformações do Capitalismo no final do século XX
Série: Superior
Atividade: Apontamentos de Livro



CONDIÇÃO PÓS-MODERNA – David Harvey
Parte II - A Transformação político-econômica do capitalismo do final do século XX


Quais transformações capitalistas ocorriam no final do século XX, em termos econômicos, geopolíticos e sociais? Se a acumulação de capital é uma das finalidades do capitalismo, como esse modo econômico e social modificou-se durante este período de transformações do século XX? Mesmo com toda a dinâmica e surpresas capitalistas, este sistema tem como propensão o caos, crises? Estas são algumas minhas indagações para refletirmos a partir da leitura desta parte do livro Condição Pós-Moderna (Harvey, 1998).
O recorte temporal deste contexto é um período de incertezas, que ultrapassa antigos modelos produtivos e tende a novos modos de produção, trabalho e consumo. Inicialmente, do término da Segunda Guerra Mundial (1945), o mundo pós-guerras desencadeou profundas transformações político-econômicas do capitalismo. O equilíbrio de poder prevalecia entre o trabalho organizado, capital corporativo e o Estado. Os Estados Unidos nesse período encontram-se fortalecidos em termos produtivos e militares. A Europa Ocidental que vem se reerguendo, recebe ajuda com o Plano Marshall, assim como o Japão, ambos com auxílio e investimentos estadunidenses.
Enquanto no final do século XIX fusões marcavam um capital monopolista, o século XX firmava-se o capital corporativo.
Este período, em outras fontes, também é chamado de Capitalismo Industrial ou Segunda Revolução Industrial. A produção de carros, construção de navios, produtos petroquímicos, o aço, borracha tornavam-se propulsores do crescimento econômico.
Dentro das indústrias automobilísticas, Henry Ford racionaliza velhas tecnologias, de divisão do trabalho, tarefas repetitivas, trabalhador em posição fixa. As ideias administrativas de Taylor acrescentam ao modelo fordista, o método de separação de gerência, concepção, controle e execução. Desta forma, o trabalho é pensado por uns e executado por outros, estes últimos cada vez mais alienados, explorados, rotinizados e entediados. Tanto que movimentos sindicalistas se fortalecem em paralelo ao aumento da produção. Em 1914, Henry Ford para atrair os trabalhadores vem com a recompensa de cinco dólares por oito horas de trabalho (em vez de dez horas), marco considerado do início do fordismo. Algo que me chamou a atenção no texto, foi a percepção fordista para aumentar consumo: pois segundo Ford era necessário dar tempo e lazer para os trabalhadores, e estes tinham que saber gastar esta renda, daí investindo também em assistência social para um consumo prudente e racional.
Alguns entraves para o desenvolvimento do fordismo constava nesses períodos entre guerras, falta de habilidade na rotina do trabalhador e controle do processo produtivo. Nas fábricas de Ford havia um aproveitamento de mão de obra de imigrantes, enquanto os americanos hostilizavam essa forma de produção. A centralização do capital, economias de escala mediante a padronização do produto também refreavam a competição intercapitalista.
O Liberalismo econômico que vivia-se intensamente, marcado pelo livre comércio, oferta e procura, o mercado se auto-regulando, viu-se abalado principalmente com a Crise de 1929, quebra na bolsa de valores de Nova Iorque, seguiu com o período da Grande Depressão, e depois com outras crises como a Crise de 1973, do preço do petróleo.
O New Deal, política do novo acordo, de Roosevelt fez-se necessário para salvar o capitalismo. Assim a presença do Estado foi pensada e cobrada, com o Keynesianismo. O controle dos ciclos econômicos foi combinado com o aumento dos padrões de vida (pelo menos de poder aquisitivo) e pela política de bem estar social, controle de relações de salário.
As reações trabalhistas, movimentos de minorias, como mulheres, crianças e de desprivilegiados aumentavam. Uma cultura internacional se espalhava diante do massacre de culturas locais do Terceiro Mundo.
O modelo fordista rescindia-se e não dava mais conta das novas necessidades capitalistas no final do século XX. Por conseguinte não houve ruptura, e sim uma transição da ‘produção em massa’ e ‘consumo em massa’, do modernismo fordista (‘acumulação rígida’) para o pós-modernimo toyotista (chamado por Harvey de ‘acumulação flexível’), pelo efêmero, o diferente, a novidade, a moda e a mercadificação de suas formas culturais.
Algumas características da acumulação flexível: flexibilização dos processos de trabalho, necessidades específicas de cada empresa, mobilidade geográfica, pequena escala, tempo de giro (Just-in-time), ‘desregulamentação’, informações precisas do mercado, capital financeiro. Um modelo produtivo adaptado às novas demandas capitalistas e modelo econômico neoliberal.
Contudo, percebe-se no trabalho de Harvey uma análise minuciosa de fatos que marcaram o século XX, dados econômicos e movimentos sociais que refletiam mudanças nos processos produtivos. Diante destas instabilidades o capitalismo teve que se reafirmar e logo se mobilizar para continuar soberano. Destaco ainda a reafirmação de Harvey das ideias de Marx sobre a inconsistência e contradições capitalistas, que possui uma propensão a crises.
É interessante também a análise de Harvey da ‘compressão do espaço-tempo’ no mundo capitalista. Determinado a passar por momentos de superacumulação e outros de crises.
Neste sentido observamos elementos que culminaram nas transformações do final do século XX, complementados pelas mudanças produtivas de capital, da rigidez à flexibilidade capitalista.


Referência:
HARVEY, David. Condição pós-moderna: Uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. 7ª Ed. São Paulo: Edições Loyola, 1998. Parte II, p. 115-184.

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